quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Remodelação governamental na Guiné-Bissau

Na Guiné-Bissau o primeiro ministro decidiu remodelar finalmente o governo(já prometido desde o processo eleitoral que levou à vitória de Malam Bacai Sanhá). O Primeiro ministro baralhou e voltou a dar as mesmas cartas com raras excepções. Mais uma oportunidade perdida de dotar o país de gente competente e com visão de futuro Como notas positivas, há a referir uma diminuição do número de ministérios, embora tenha aumentado o número de secretarias de estado e a entrada do Embaixador Adelino Mano Queta para a pasta dos Negócios Estrangeiros.
Em seguida faz-se uma análise sumária dos membros do governo.

1. Adiatu Djaló Nandigna - Ministra da Presidência do Conselho de Ministros, da Comunicaçao Social e dos Assuntos Parlamentares (transita do do MNE);

Mulher de confiança do primeiro ministro, a quem deu um apoio importante tanto na sua eleição para o cargo de Presidente do PAIGC bem como para primeiro ministro, tendo sido " compensada" inicialmente com a pasta dos Negócios Estrangeiros. Mantém-se, assim, no núcleo duro de governação.

2. António Oscar Barbosa – Ministro da Energia e dos Recursos Naturais;

Outro homem de confiança e do núcleo duro do primeiro-ministro. Continua à frente de um ministério chave, responsável pelo dossier petróleo. A sociedade civil continua com pouca ou nenhuma informação sobre este dossier. Por outro lado, foi o ministro que mais envolvimento teve nos diversos "casos" politico-militares. Foi o responsável por apresentar explicações, pouco convincentes de resto, do processo que vitimou Hélder Proença e Baciro Dabó entre outros. Tem como desafios a orientação do processo de pesquisa e exploração petrolífera e a solução do problema crónico de energia que atrasa o nosso desenvolvimento.

3. Adja Satú Camará Pinto - Ministra do Interior

Histórica do PAIGC.Também deu um apoio importante ao primeiro ministro tanto na sua eleição para o cargo de Presidente do PAIGC como para primeiro ministro. Já exerceu diversos cargos no país. Faz parte da velha guarda. Ainda terá algo a dar, como ministra, para uma nova Guiné-Bissau que ser quer formar?

4. Luis Oliveira Sanca - Ministro da Administraçao territorial;

Histórico do PAIGC. Já exerceu diversos cargos no país. Faz parte da velha guarda. Ainda terá algo a dar, como ministro, para uma nova Guiné-Bissau que ser quer formar?


5. Aristides Ocante da Silva –Ministro da Defesa Nacional, dos Combatentes da Liberdade da Pátria (transita do ministério da Educaçao);

Pouco se viu da sua acção no Ministério da Educação, que continua a dar passos seguros para a tragédia final. Transita para um dos ministérios mais complicados na Guiné-Bissau,responsável pela sempre difícil relação com os militares. Tem a missão de implementar a tão falada reforma das forças armadas. Vai precisar de muita capacidade negocial e alguma sorte.

6. Artur Silva – Ministro da Educaçao Nacional, Cultura, Ciência, Juventude e Desportos (transita do Ministério da Defesa);

O Ministério da Educação Nacional continua a ser um parente pobre, para mal dos nossos pecados, da governação guineense. Os Ministros têm-se preocupado apenas com o pagamento do salário dos professores. O nível de ensino continua a deteriorar-se a olhos vistos. A turbulência tem sido a característica marcante. O currículo de ensino continua o mesmo de há vários anos. Deixou de se pensar a educação. Alguém voltou a ouvir falar do INDE, Editora Escolar, Escola 17 de Fevereiro, Tchico Té? Teimamos em não aproveitar gente com a qualidade de um Alexandre Furtado, Rambout Barcelos entre outros que percebem da questão. Espero ser surpreendido por este ministro, de quem nunca ouvi dizer que tivesse algum pensamento estruturado para a educação.


7. Botche Candé – Ministro do Comércio, Indústria, Turismo e Artesanato;

Não vou perder muito tempo na análise deste Ministro que o Primeiro-Ministro teima em ter num governo da Guiné-Bissau do século XXI.
Vou apenas referir-me à inexistência de um plano para a recuperação da indústria do nosso país. Vamos continuar a ser apenas um país de importadores. É garantido que não será com este ministro que teremos uma nova esperança para a elaboração de um plano de relançamento da nossa indústria moribunda. É pena, num país com quadros de elevada craveira que fizeram parte da Direcção Geral de Indústria e de várias empresas públicas que hoje em dia apenas olham à distância para o desenrolar das coisas.

8. Carlos Mussá Baldé – Ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural (Transita do Ministério das Pescas);

Sem dados para a avaliação da capacidade política deste ministro num ministério que todos consideram importante para o desenvolvimento do país.

9. Adelino Mano Queta - Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Cooperação Internacional e das Comunidades;

A grande surpresa deste governo ou talvez não.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros volta a ter alguém da área.
Trata-se de um embaixador de carreira que já ocupara este cargo num dos governos de Kumba Yalá.
Vamos ver se terá capacidade para dotar este ministério de uma atitude reformista e com capacidade para uma diplomacia económica num mundo em que os recursos são cada vez mais escassos.

10. Mamadú Saliu Djaló Pires – Ministro da Justiça

Mantém-se na pasta da justiça. Ficamos à espera da concretização das reformas previstas e que a justiça contribua para o combate à impunidade que tem caracterizado a Guiné-Bissau.

11. Maria Helena Nosolini Embaló – Ministra da Economia, Plano e da Integração Regional;

Também mantém-se no cargo. Será avaliada no final do mandato pelos resultados obtidos na estimulação do clima económico e no número de empresas com vontade em investir no país.

12. José Mário Vaz – Ministro das Financas;

Mantém-se no Ministério das Finanças. Tem sido elogiado interna e externamente, com as várias missões do FMI e do BM a darem nota positiva para a política deste ministério. Terá como desafios, a manutenção do rigor orçamental e das instituições sob sua tutela(nomeadamente as Alfândegas) e a realização de uma reforma fiscal que permita disciplinar o quadro fiscal Guineense.

13. José António Cruz da Almeida – Ministro das Infraestruturas;

Sem dados para a avaliação deste Ministro. Terá como desafios a recuperação de uma rede viária obsoleta e a construção de um conjunto de infraestruturas básicas que melhorem a qualidade de vida das populações.

14. Lurdes Vaz – Ministra da Mulher, Família, Coesão Social e luta contra a Pobreza;

Outro quadro do PAIGC que vai para um ministério com pouca ou nenhuma relevância política. O primeiro ministro deverá ser o principal responsável no combate à pobreza.

15 Camilo Simões Pereira – Ministro da Saúde

Mais um repetente no cargo.Tem uma tarefa hercúlea na elaboração e implementação de um programa de saúde que permita criar condições de acesso e tratamento das populações. A tarefa exige determinação nomeadamente na mudança de funcionamento dos hospitais e centros de saúde, na política do medicamento (inexistente até este momento), no acesso à saúde pelas populações mais longínquas e na dotação de meios técnicos e humanos para este sector. Terá capacidade?

16. Fernando Gomes – Ministro da Função Pública, Trabalho e da Modernização do Estado;

Também repetente no cargo. Tem uma pasta importante para um país que quer entra na senda do desenvolvimento e da modernização. Os resultados são escassos para já, mas continuaremos atentos.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Purga em Angola


Acabo de ler a 3ªa edição do Purga em Angola.
O encontro com uma realidade tantas vezes fruto de interpretações diversas e verdades escondidas.O passado era apresentado apenas pelo olho dos vencedores como ´
é costume.
O livro vem transmitir um pouco do outro lado da realidade. Um olhar distanciado e com rigor científico.
Um contributo positivo para o conhecimento de uma verdade que incómoda, mas que é necessário conhecer para a construção de uma Angola nova.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

De novo e sempre Guiné-Conakry!


Na Guiné-Conakry os militares atiraram a matar numa manifestação de civis que protestavam contra o facto do presidente golpista mostrar intenções de se candidatar às próximas eleições presidenciais.Dizem as últimas notícias que morreram 157 pessoas.

O filme é o do costume.O argumento...sempre mau.
Morre um presidente ditador que deixou um país com um potencial enorme na mais profunda miséria.
Um jovem "oficial" quase analfabeto aproveita a oportunidade e executa um golpe de estado já em preparação há anos. Promete liberdade, desenvolvimento e acima de tudo diz que não quer o poder.
O povo, cansado da miséria, dá vivas e sonha com um amanhã diferente.
A "comunidade internacional" assobia para o lado. Os países ricos não querem saber o que se passa num sítio chamado Conakry. Os países africanos estão prontos, como sempre de resto, com muito poucas excepções, para receber no seu seio mais um ditador. O sr Kadafi está sempre pronto para apoiar estas figuras.

Tudo muito bonito, até o dia em que o monstro decide mostrar a verdadeira face. A vontade de permanecer no poder e a utilização de todos os meios ao seu dispor, matando quem for preciso, para a concretização desse objectivo.

Depois vem a dita comunidade internacional condenar os actos e ameaçar com sanções que nunca dão em nada.

E o povo...esse continua no sofrimento do costume.

Triste sina.
Triste fado.

Até quando?

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Eleições presidenciais em Moçambique



Confesso que já não tenho muita paciência para os discursos de Afonso Dhlakama e Armando Guebuza nas presidenciais de Moçambique, agravado pela violência que tem caracterizado a campanha.
Para quando um outro Moçambique?Já vai sendo tempo.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Amílcar Cabral 85 anos depois.


Na Guiné-Bissau comemorou-se, com muita chuva à mistura (esperando que limpe aquelas cabeças), os 85 anos de nascimento do fundador da nacionalidade Guineense e Cabo-Verdiana.
Voltou-se a lembrar o homem e mais uma vez uma ou outra palavra de circunstância. Voltei a ouvir falar do programa menor e maior. Enfim. Coisas de quem pouco leu e menos cumpriu o sonho de Cabral.
Só uma sugestão, e se esquecessem o nome do homem?Podia ser que assim ele tivesse algum descanso.
Saudações Camarada.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Tomada de posse de Bacai Sanhá- amanhã no Estádio 24 de Setembro


Quando uma pessoa pensa que as coisas caminham para a mudança, de preferência para melhor, eis que a realidade teima em mostrar-nos um flashback. Mais uma vez uma tomada de posse de um presidente da República não vai ser no parlamento, mas à boa maneira africana num Estádio.
Depois queixem-se da fraqueza das instituições.

PS: Já agora, os meus votos de felicidades para o novo presidente da República. E que chegue ao fim do mandato com paz e tranquilidade.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

O país onde o impossível acontece


Na Guiné-Bissau, após os assassinatos do Presidente da República e do Chefe de Estado Maior General das forças armadas, que continua em águas de bacalhau, eis que, apesar de não pronunciados pela justiça, os deputados implicados no caso pelos militares e pela "secreta", continuam a ser perseguidos (em plena missão católica-cúmulo da irresponsabilidade) pelas forças armadas. A seguir, vem o Procurador Geral denunciar e condenar o caso. Em que mundo é que esta gente vive? A noção do ridículo foi perdida de vez? Não há governo, não há assembleia. Nada existe.
A única coisa que ainda não percebi, é porque é que os militares não tomam logo conta do país, dando descanso a todos desta autêntica palhaçada sem graça nenhuma.